Destaques da Jornada Internacional por Luís Couto
28ª Jornada da Bundesliga, habitáculo do relevo triado
da jornada futebolística nos principais campeonatos internacionais. Figura,
então, destacado, com menção de constituir um baluarte das mais variadas
realidades futebolísticas, o Borussia de Dortmund (que defrontou na passada
sexta-feira o Estugarda, no Signal Iduna-Park).
Borussia
de Dortmund
Dentro
desta virtuosíssima Bundesliga, muito do seu dourado laurel vem dos tons
gemados da camisola do Borussia de Dortmund. O clube grande de Dortmund parece
ter superado terminantemente a crise financeira que assolou o clube nos
primórdios do século e acabou com a hegemonia do Bayern de Munique no futebol
bávaro com um título incontestável e concludente na Bundesliga, na época
passada, sendo ainda este ano o comandante isolado da mesma prova, ofuscando o
brilho das estrelas do rival de Munique. De facto, os pupilos de Jürgen Klopp (o auspicioso timoneiro da formação,
que ainda, recentemente, recusou categoricamente a hipótese de treinar o
Chelsea) logram de um fulgor muito próprio, própria da sua aura quase juvenil
(sem que lhes falte, contudo, maturidade) e da sua veemente coesão de grupo,
sendo o Borussia uma genuína galáxia de protoestrelas. Nomes como Götze, Hummels,
Kagawa, Subotic, Bender e Lewandowski (é notável que os mais velhos deste
pequeno grupo diferenciado tenham só 23 anos), e a estes, brevemente,
juntar-se-á Marco Reus, já contratado para a próxima época, são já referências
do futuro do futebol internacional e, não obstante o peso que exercem na
“performance” da equipa, todas estas individualidades encontram-se agregadas,
absorvidas e harmonicamente compiladas na essência do seu invariável futebol
irmanado. Só esta extrema coesão permite domar a ferocidade dos mortíferos
Robben, Gomez e Ribéry.
Apesar
do Borussia de Dortmund merecer, indubitavelmente, ser o destaque integral e único,
no que toca a formações, desta jornada, incidindo e refletindo na mesma, acaba
por ter de partilhar a sua insigne menção com o Estugarda, que ajudou a
protagonizar um festival de golos no Signal Iduna-Park, na passada sexta-feira,
e, assim, justificou os supracitados elogios ao futebol germânico. O atual 6º
classificado da Bundesliga, contando com as excelentes exibições de Julian
Schieber, Vedad Ibisevic e Georg Niedermeier (Zdravko Kuzmanovic, apesar da
intervenção em dois golos, e Martin Harnik estiveram mais discretos), foi ao
terreno do campeão e preconizou uma réplica impressionante ao poderio local,
determinando que, no término do jogo, o placar do marcador assinalasse um
conclusivo 4 a 4. Deste modo, embora o Borussia seja a distinção e o foco da
jornada (até porque mereceu vencer o jogo), o clube que fez Giovanni
Trapattoni abandonar a Luz em 2005 (depois de devolver o Benfica aos títulos no
Campeonato) acaba por surgir, complementarmente, eminente nesta análise.
Um resultado como este, que regista um total de oito
golos, induz que a eficácia tenha sido o ingrediente imperante neste jogo.
Surpreendente (para quem não viu o jogo) é, então, averiguar-se que o resultado
poderia ser ainda mais avultado, pelo que a opulência de golos é um espelho
fiel daquilo que se verificou. Efetivamente, antes do marcador ser estreado, o
japonês Shinji Kagawa (que, nesta fase, tem sido preponderante, fazendo olvidar
a ausência, por lesão, da estrela da equipa, Mario Götze) já tinha atemorizado
Ulreich por duas ocasiões, primeiro com um remate de ressaca à entrada da área,
após corte deficiente de Kuzmanovic, depois rematando colocado, sem deixar cair
a bola depois de a ter dominado no peito já dentro da área. O Estugarda
retorquiu com remate perigoso de Schieber, após cruzamento de Hajnal, mas o
Dortmund acentuou, de seguida, a sua superintendência das operações atacantes, com
Lewandowski a acertar na cabeça de Niedermeier já depois
de ter ultrapassado Ulreich e Großkreutz
a fazer abanar a trave após passe de Gündogan. Só depois destas incidências, e
ainda de uma encenação de penálti de Ibisevic, é que chegou o anunciado golo de
Kagawa, decorrente de um amortecimento perfeito de Kehl e, antes, de uma
excelente investida pelo corredor direito de Schmelzer. Mas o melhor estava
reservado para a segunda parte (talvez despoletado pela galardão atribuído a Götze
no intervalo), onde, depois de “Kuba”, a passe de Hummels, aumentar a vantagem
para os visitados (Piszczek tinha feito a trave vibrar novamente num lance
similar, minutos antes), sucederam duas “cambalhotas” no marcador e, por fim, a
consumação do empate a 4.
Depois do segundo golo, a equipa da casa reduziu o
ritmo do jogo e o Estugarda progrediu no terreno (ainda sem parecer capacitado para
transpor o controlo de jogo exercitado pelo Dortmund). Todavia, William Kvist,
depois de um lance muito bem trabalhado, atirou à trave e, a meio da segunda
parte, Gentner e Kuzmanovic deram a possibilidade a Ibisevic de reduzir a
diferença para os Schwaben, que este não enjeitou. Sete minutos volvidos,
Schieber, meio aos tropeções, depois de contornar Weidenfeller, estabelecia o
empate na partida e, apenas dois minutos depois, após passe de Kuzmanovic, o
mesmo Schieber instaurava a inusitada mudança na corrente do jogo, colocada
agora a favor dos visitantes. Soou então o alarme em Dortmund, justificativo de
entrarem em campo Lucas Barrios (que substituiu Kagawa) e Perisic. Sustentado
na crença arraigada do seu público, o Dortmund partiu com tudo para cima do seu
adversário e, aos 81 minutos, Hummels, um dos mais promissores centrais do
mundo, cientificou que é multifacetado, ao concretizar um passe de Kehl,
rematando rasteiro ainda de fora de área. A avalanche de futebol ofensivo
vivificou-se ainda mais e só Niedermeier impediu que três golos
a mais se materializassem neste período. Aos 87 minutos, no entanto, o
inevitável golo do Dortmund apareceu da
cabeça do “suplente” Perisic, em canto marcado por Schmelzer, que
comemorou o golo em conformidade com o gáudio vigente nas bancadas, tirando
inclusivamente a camisola e provando desconhecer o desfecho do jogo, pois
faltava ainda uma última incidência de relevo. De facto, no segundo minuto de
compensação, Gentner encheu o pé e “selou” o empate, gelando as bancadas do Signal Iduna-Park. Um final de
jogo épico, condizendo com o grandíloquo espetáculo deste jogo homérico.
O
empate é penalizador para o Borussia de Dortmund, que, mesmo assim, conserva a
liderança na Bundesliga, e o estudo das ocorrências do jogo remete, obviamente,
este resultado para a iniquidade. Isto não invalida que esta sumptuosa partida
de futebol tenha sido um hino à fecundidade do futebol bávaro e à refulgência
do Borussia de Dortmund. E, mais do que nunca, a luta pelo título na Alemanha
está ao rubro.
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